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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Michael C. Hall de Dexter vai estrelar nova minissérie baseada na obra de Stanley Kubrick




Michael C. Hall assinou contrato para estrelar e produzir a minissérie God Fearing Man, projeto ainda em pré-produção baseado na obra de ninguém menos que Stanley Kubrick.

God Fearing Man conta a história real do pastor canadense Herbert Emerson Wilson, que se tornou um dos melhores e mais bem-sucedidos ladrões de bancos americanos no começo do século XX. Hall, além de protagonista, também será produtor do drama que, inicialmente foi desenvolvido como série pelo estúdio independente Entertainment One em agosto de 2012, mas agora será adaptado como uma minissérie e a eOne já está em negociações com canais americanos interessados em exibir os episódios.

Nós sabíamos que precisávamos de um ator com um talento e carisma imensos para carregar o projeto e dedicamos muito tempo e esforço para encontrar a pessoa perfeita”,

Disse Rosenberg, executivo da eOne.

“Não poderíamos estar mais felizes em ter Michael a bordo, que já cansou de demonstrar sua habilidade sobrenatural de retratar cativantes personagens que precisam lidar com lutas internas fundamentais”.

Hall já recebeu cinco indicações ao Emmy por melhor ator em série dramática pelo seu personagem Dexter Morgan além de outra nomeação como coadjuvante por Six Feet Under, da HBO. Desde que Dexter foi encerrada no ano passado, Michael não parou de trabalhar. Fez o filme indie Cold in July além da peça The Realistic Joneses, na Broadway. Ele também está ligado à adaptação de American Dream Machine de Matthew Specktor para o canal Showtime junto com o ex-showrunner de Dexter, Scott Buck.


por Daniel Barcelos - @danielbarcelos

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Homem Aranha” decepciona produtores que esperavam US$ 1 bi



O segundo maior sucesso do cinema neste ano, “O Espetacular Homem-Aranha 2″ já faturou mais de US$ 550 milhões nas bilheterias internacionais. 
A superprodução, no entanto, está longe de ser considerada um sucesso por seus produtores, que esperavam uma receita bem maior. 
Com um custo de produção na casa dos US$ 200 milhões, o filme estrelado por Andrew Garfield consumiu outros US$ 50 milhões em gastos de publicidade e divulgação. 
A Sony, que produziu o longa e é dona da franquia “Homem-Aranha”, esperava arrecadar pelo menos US$ 1 bilhão com o filme, algo que agora parece improvável. 

(Por Anderson Antunes)(Glamurama -Uol)
sexta-feira, 2 de maio de 2014

The Blacklist 1×19/20: The Pavlovich Brothers/The Kingmaker


Keenler? Lizler?
O show tem várias perguntas a serem respondidas, mas hoje podemos eleger dois como os maiores mistérios de Blacklist: quem é Tom (e todas as perguntas derivativas, como para quem ele trabalha, etc) e qual a relação entre Red e Liz. Apesar de Spader carregar a série nas costas, a mais interessada e o nome que mais irá aparecer nas respostas que tanto buscamos é o dela.
Como temos 22 episódios para cumprir, Liz segue quicando sem saber em que lado da quadra deve ficar e quando finalmente está macomunada com Red, Tom a vira contra ele. Sem poder confiar nos dois homens de sua vida, Elizabeth é então empurrada para o terceiro: Donald Ressler. E agora todos que shipavam essa dupla estão em polvorosa.Keenler? Lizler? Depois de uma vida de farsa, ela merece um relacionamento com alguém que fale a verdade, e com relacionamento não quero dizer necessariamente mais que uma amizade. Já tem muita coisa acontecendo com a série e a personagem. Não carecemos de um novo plot nem de um romance a essa altura da temporada.
Eu confesso sentir um prazer perverso quando Liz vai se dar mal, porque sei para os braços de quem ela vai correr e sei também que teremos um daqueles momentos fofos com diálogos arrebatadores no colo de Red. Me incomoda muito a personagem ceder ao fluxo de informações cedidas por ele, ela aceitou muito fácil que o foco deveria ser Tom e não interrogou mais Red sobre a ligação entre os dois até que Tom revelou o que a chave embaixo do abajur guardava. Foi preciso a suspeita de que Red assassinou seu pai para ela retomar esse tópico. Quem tem informação tem poder, Liz não tem nenhuma e essa situação de fantoche me impede de ter qualquer relação válida com a personagem principal da série.
Um mistério que só vem crescendo, sem nunca ser diretamente abordado pela série, é o símbolo que já apareceu 4 vezes em Blacklist, a começar pela cicatriz de Lizzie.
O que sabemos até agora sobre a bendita cicatriz: Liz diz a Red, no primeiro contato com ele, que a queimadura aconteceu num incêndio quando ela tinha 14 anos e que não foi consequência de alguém tentando machucá-la. Para Beth, a menina que ela salva, também no primeiro episódio, ela explica a relação de carinho que tem com a cicatriz, que foi um presente dado pelo seu pai e que ao tocá-la, ela se sente mais corajosa.
E então, esse formato de Y, árvore ou o que você enxergar na cicatriz, reaparece na caixa de madeira que esconde os passaportes de Tom. De novo, na caixa que Gina Zanetakos tinha no seu quarto de hotel. (Vale lembrar que Red diz para Lizzie que Gina é amante de Tom e que uma foto do marido de Liz também foi encontrada no quarto. Fica a suspeita de que mais do que amantes, eles estariam trabalhando juntos ou para a mesma pessoa.) No fim de The Pavlovich Brothers, o ícone dá as caras no envelope de Tom que guarda as fotos que incriminam Red na morte de Sam, pai adotivo de Liz.
Posso então concluir que esse símbolo está mais ligado a Tom, ou melhor, ao seu contratante, do que a Red. Mas por que Liz foi marcada pelo próprio pai (sem a intenção de machucá-la) com essa mesma imagem? Se não foi para machucá-la, foi para protegê-la? Marcar a filha, tal qual gado, com a assinatura do grande adversário de Red a manteria a salvo? Como? Por quê? De quem? Moral da história, não cheguei a conclusão nenhuma.
Há uma mudança drástica nos cenário e personagens que nos apresentaram meses atrás. Red sendo a maior constante, eu sigo achando que posso acreditar no que ele fala, ainda que não conte tudo que sabe. “Farinha pouca, meu pirão primeiro” é o lema do criminoso. Se no começo da temporada Liz sofreu e fez o que pode para salvar seu marido de ser torturado por um terrorista, hoje ela tá aí, quebrando o dedão dele com um sorriso no rosto. A coerência está em Liz sempre fazer o que pode – e o que não pode – para salvar um inocente e abandonar a ética sem muita resistência, para levar justiça a quem não está sujeito às consequências merecidas. Fura um pescoço ali, quebra um dedo aqui, Liz é a garota para o serviço. Já Tom, passou de professor de primário para espião/assassino que foge insistindo que não é o cara mau da história. Tom já perdeu toda e qualquer credibilidade, e mesmo que sua missão seja proteger Liz, ele ainda será o cara mau após ter enganado, casado e tentado ter um filho, tudo sob uma identidade que não existe. Ah, e matado, até onde sabemos, 2 pessoas para proteger única e exclusivamente a si próprio. Não, Tom, você não é o mocinho.
Vale ressaltar que enquanto Liz interroga Tom, como mulher traída, não como a agente badass que devia, ele revela que também não sabe qual a ligação entre Red e Liz. Red dá essa chance a Liz, que não aproveita muito bem e agora tem que lidar com o fato de que Reddington e seus 687634586274357846987457865376437859 espiões disfarçados espalhados pelas ruas estão seguindo cada passo de Tom, mas ele não está mais ao alcance de Liz.
Eu já disse antes e insisto: os casos da semana não são mais tão interessantes. Trazer os sequestradores do episódio piloto de volta não acrescentou em nada a trama, “Opa, aproveita que vocês já vão sequestrar a chinesa, pega o Tom no caminho e larga na casa da Liz? Valeu, aê”. Não colou. The Kingmaker era uma trama que merecia ser trabalhada nos detalhes para nos envolver, para retratar seu assustador poder, o que também nã aconteceu.
Então vamos direto para a emocionante cena final do episódio, quando Red, mesmo tendo tudo a perder, não mente para Liz. Ele aguarda o seu julgamento, sentado e nitidamente incomodado, para não ter a ousadia de dizer sofrendo. Mas essa é a coerência de Red, ele sempre falou a verdade para Lizzie, ainda que assumidamente omita algumas coisas. Dá pra perceber o fio de esperança que ele tem de que ela acredite nele e confie no seu julgamento. Mas como ouvir qualquer coisa diferente de “Eu matei o seu pai”? Ele sabe que vai perdê-la, mas faz sua defesa mesmo assim, porque é sincera, porque ele acredita piamente em cada palavra proferida. E ele espera seu veredito sentado, inerte, preparado para o que já vem. Ele lhe roubou mais do que ela poderia aceitar. “We are done. I’m done. This ends right now. God, you’re a monster.” E Red aceita, respeita e engole. Liz perdeu o pai sem ouvir suas últimas palavras, perdeu o marido que nunca teve e os sonhos que nunca se realizarão e agora perde essa figura tão recente mas tão importante para quem era tão sozinha e confiava em tão poucos.
O olhar de Red nos segundos finais, a piscadela frenética empurrando pra longe um pensamento ruim e possíveis lágrimas me renderam. Que venha o Emmy, que venha Berlin ou quem quer que seja o grande adversário de Red, que venham os dois últimos episódios de The Blacklist e pelamor, que venham finalmente as tantas respostas que precisamos e merecemos.
Series Maníacos.tv
domingo, 27 de abril de 2014

Fargo 1×02: The Rooster Prince

Todos os segredos dormem em roupas de inverno.
Fargo nunca funcionaria se fosse ambientada em uma cidade quente. Isso porque o frio serve para um monte de detalhes que justificam a minissérie. Um deles se refere justamente ao seu humor negro, visto que no audiovisual, o clima frio é constantemente associado à frieza de situações ou de personagens. Outra forma que o frio encontra para ajudar a caracterizar o universo da minissérie acontece na maneira como todos os personagens se vestem e também como caminham de um jeito desengonçado na neve. O novo chefe de polícia Bill Oswalt usa um chapéu extravagante, Lester utiliza jaquetas antiquadas e cafonas, e isso ajuda a ditar o tom cômico presente em muitos momentos, além de construir personagens peculiares. Não se espera que o espectador chore de rir desses pequenos detalhes, mas eles são fundamentais para justificar um mundo insano composto por personagens insanos. Sem contar que o figurino representa muito bem o modo de vida dos que vivem nas pequenas cidades do interior dos Estados Unidos.
Ainda ao tratar da produção, observa-se que a cidade onde a trama se desenvolve é pacata e conservadora, e ao trazer o caos para a vida de personagens tão comuns, acaba intensificando suas ações e reações. Imagine se tudo isso acontecesse em uma cidade grande, onde a violência é algo banal? O impacto na vida dos personagens (e consequentemente na narrativa) seria muito menor, e assim, talvez a minissérie se tornaria desinteressante. O que importa aqui é ver como personagens “comuns” postos a prova, agem perante dificuldades e atipicidades. Ainda por ser ambientada em um lugar frio e sem sal, ao agir, os personagens intensificam o senso de urgência e a magnitude dos acontecimentos, e tudo se torna um pouco mais excitante. Essa configuração de cidade tradicional ainda influencia a maneira como a comunidade se relaciona, existe um senso de companheirismo e de saudosismo, visto na conversa entre o chefe de polícia Bill Oswalt e Lester, ao relembrarem a escola e o chiclete que consumiam quando crianças. Também pode se ver isso nas grandes quantidades de comida dos velórios. Ou como as pessoas relembram colegas que fizeram parte de sua vida há muitos anos com facilidade.
Pode-se perceber ainda que o surto de violência que atingiu a cidade possivelmente se intensificará. É o típico caso de um crime que acaba levando a outro. No fim, parece que se Lorne Malvo não tivesse batido o carro, nada mais teria acontecido e todos continuariam levando suas vidas tranquilamente. Inevitavelmente isso leva ao questionamento de como pequenos acontecimentos mudam rumos com facilidade. É claro que Lester sentia-se insatisfeito com sua esposa, mas dificilmente agiria da forma que agiu se não tivesse conhecido Lorne Malvo e se não fosse envolto na aura caótica do misterioso assassino. Essa cadeia de eventos (que provavelmente ainda não se encerrou) traz consequências sérias para muitos dos personagens que foram arrastados para dentro desse furacão de forma não intencional, como a esposa do antigo chefe de polícia, por exemplo. O interessante é que a série parece não se importar muito com eles, e ao percorrer essa linha fina entre o drama e a comédia, lida com o luto e com a dor de forma superficial, justamente para não carregar seu tempo de tela com arcos que não são extremamente importantes para seu bom desenvolvimento.
A série ainda deixa à percepção do espectador o que considerar um “arco central”, pois parece lidar com Lester e Lorne Malvo de maneiras semelhantes. Não se pode dizer que alguém teve mais destaque, pois como são consequências de uma mesma “tragédia”, nada mais justo que sejam desenvolvidos igualmente. Talvez a policial Molly Solverson seja a pessoa responsável para unir arcos, caso essa seja a intensão da série. No fim, Fargo parece uma eterna perseguição. Investigações (tanto por parte da polícia como dos criminosos que perseguem o assassino de Sam Hess) estão em andamento e esclarecer dúvidas parece ser uma das principais metas a se cumprir, mas em Duluth tudo parece lento e processual. E é interessante que mesmo assim, a série consegue transmitir velocidade e intensidade em seus arcos. Fargo cria um mundo tão frio e cruel, que com certeza existem muitas maneiras atípicas de se conseguir arrancar a verdade de alguém.
Outras Observações:
O policial Gus Grimly e sua filha Greta parecem distantes do resto da minissérie, mas seu discurso para a menina, buscando justificar a atitude de deixar Lorne Malvo escapar foi profundo e justo. Seu envolvimento parece primordial na busca por respostas.
Perceba a quantidade de “yeah” que os personagens falam. O regionalismo da série é bem cômico.
Lorne Malvo dirige-se ao vaso sanitário logo após ser ameaçado. A melhor maneira de falar “I don’t give a shit”.
A direção de Fargo sempre merece elogios: nesse episódio coloca Stravos Milos (que se considera o rei dos mercados) em um plano contra-plongé e ao fundo uma coroa encaixa-se perfeitamente em sua cabeça. Bravo.
  - @meadowlands654
Series Maníacos
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Depois de Jogos Vorazes, cachê de Jennifer Lawrence cresceu 833 vezes.

Com boas escolhas, ganhadora do Oscar leva até US$ 10 milhões por filme. No primeiro papel de destaque, 'salário' da atriz foi de apenas US$ 12 mil.

Jennifer Shrader Lawrence nunca fez cursos de atuação.
Decidiu ser atriz aos 14 anos, “de repente”, a caminho de um teste como modelo. Havia sido descoberta na rua durante férias em Nova York.
Convenceu os pais a deixar a fazenda onde moravam em Louisville, no estado americano de Kentucky. Com eles, mudou-se para Santa Mônica. Acelerou os estudos e concluiu dois anos antes do previsto. Hoje, aos 23, tem um Oscar de melhor atriz, e protagoniza a saga "Jogos Vorazes".
A segunda parte, "Em chamas", chegou aos cinemas na sexta-feira (15).
O primeiro filme veio em março de 2012 e ajudou a tornar Jennifer Lawrence conhecida. Estar na pele da heroína Katniss Everdeen fez bem à carreira (e aos bolsos) da atriz.
Se comparados os cachês por "Inverno da alma" (2010) e pelo segundo "Jogos Vorazes", houve um crescimento de 833 vezes. Antes, ganhava US$ 3 mil por semana, tendo ficado um mês no set, segundo o site iMDb.
Hoje, bons papéis renderam elogios, prêmios e fãs. Veja o que mudou na carreira de Jennifer Lawrence, com ajuda de "Jogos Vorazes":




Jennifer Lawrence antes e depois de Jogos Vorazes (Foto: G1)
sábado, 21 de dezembro de 2013

As 10 melhores series de 2013

Final de ano, quase natal. Época de confraternização e listinhas de melhores do ano. Em 2010 comecei a elaborar uma lista das produções seriadas que mais se destacaram por sua qualidade. Este, portanto, é o quarto ano que publico uma lista. Quem tiver interesse em conferir as anteriores, basta entrar nos links: 20102011 e 2012.
Esta não é uma tarefa fácil, mas é algo que ajuda a exercitar o olhar na hora de fazer o levantamento das produções que merecem um reconhecimento, independente da popularidade que tenham conquistado.
Esta lista é o resultado da minha opinião do que é uma boa série. A seleção foi feita com base no desenvolvimento de personagens, proposta e situações. Após fazer uma pré-seleção, revejo todos os episódios da temporada ou minissérie com potencial para entrar na lista principal, desta vez com um olhar mais crítico. Somente então classifico as produções que considero as dez mais do ano.
Minha lista inicia com as dez melhores, finalizando com as produções que também valeram a pena assistir, ou seja, aquelas que não me deram a sensação de tempo perdido. Algumas produções ainda não chegaram ao Brasil, mas já estão disponíveis no mercado internacional.
Quem tiver interesse de deixar nos comentários sua própria lista, fique à vontade. Lembrando que o espaço dos comentários não é lugar para palavrões e ofensas pessoais (que não serão aceitos).
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1. Rectify – Drama – Estados Unidos
Esta é uma série do canal Sundance criada por Ray McKinnon (ator de Sons of Anarchy eDeadwood) com produção de Mark Johnson (Breaking Bad). A primeira temporada tem apenas seis episódios, sendo que Rectify já foi renovada para sua segunda temporada. Originalmente desenvolvido para o canal AMC, o projeto migrou para o Sundance Channel, que o transformou em sua primeira série ficcional.
A história apresenta a trajetória de Daniel Holden (Aden Young), um homem condenado à morte pelo estupro e assassinato de sua namorada. Depois de passar quase duas décadas no corredor da morte, ele é liberado graças às novas evidências de DNA. Por ter passado muito tempo no isolamento, Daniel sente dificuldades de se readaptar à sociedade e à sua família.
Esta foi a grande surpresa do ano. A história e os personagens não são diferentes do que já foi visto diversas vezes. O que faz de Rectify a melhor série de 2013 é a sensibilidade do texto. A série apresenta um estudo sobre a natureza humana com uma abordagem contemplativa.
A primeira temporada é narrada ao longo de uma semana da vida de Daniel, sendo que as situações são intercaladas entre o tempo presente e o passado, nos quais vemos como era sua rotina quando ainda estava na cadeia. Ao receber uma nova chance, Daniel experimenta uma situação surreal. É difícil para ele acreditar que não está mais na cadeia e que sua experiência fora dela não é fruto de sua imaginação. Tendo educado sua mente a aceitar a morte sem questionar, Daniel não sabe como lidar com o fato de que irá viver. Ao sair da cadeia, ele se comporta como se, de repente, ‘acordasse dentro de um sonho’. Em determinado momento ele chega a perguntar para uma das pessoas com quem está conversando se ela é real.
Na prisão, Daniel perdeu o sentido do tempo. Todos os dias são iguais e seguem um ritmo próprio, na lentidão de seu relógio interno, que não tem o mesmo ritmo daqueles que estão agora ao seu redor. A narrativa da série segue o ritmo de Daniel. É bastante lenta, levando o telespectador a mergulhar no estado contemplativo do personagem que olha para tudo como se fosse a primeira vez. Os pequenos detalhes da vida ao seu redor chamam mais sua atenção que sua própria situação. Embora ele tenha sido liberado, ele não foi inocentado.
Com um olhar provocativo, a série permite que os personagens permaneçam muitas vezes em silêncio, o qual nos leva a interpretar os sentimentos e atitudes de cada um. Logo que somos apresentados a Daniel, nos deixamos mergulhar em seu questionamento sobre a existência humana. Suas opiniões e visão de mundo, embora muitas vezes possam parecer sem sentido, dão o tom da trama que não perde de vista a história. A série também não abandona os demais personagens que se fazem presentes logo no primeiro episódio. Com personalidades bem definidas e cada um com suas próprias vidas, eles não desaparecem ou se deixam levar pelo protagonista, embora se coloquem à sua disposição para ajudá-lo a enfrentar este período de adaptação.
A série ainda não chegou ao Brasil e, por ser um programa que não gera popularidade, é possível que nem chegue. Mas ela está disponível em DVD no mercado internacional.
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2. Mad Men – Drama – Estados Unidos
A sexta temporada aproxima a série de seu fim. Tal como ocorreu nos anos anteriores, a trama proposta para esta temporada reflete o período no qual ela é situada. Estamos no final dos anos de 1960, época em que muitos movimentos culturais, já desgastados, davam lugar a algo novo. A morte de Martin Luther King e Bobby Kennedy marcaram o fim de uma era e o início de um futuro incerto. Este é o fim da era Draper. O mundo ao redor de Don (Jon Hamm) está mudando e ele não consegue acompanhar as transformações. Enquanto os demais se adaptam aos novos tempos, Don começa a questionar sua vida e a se sentir fora de seu ambiente.
Don morre várias vezes ao longo da temporada: aos olhos da filha, que começa a enxergar o pai que tem e a questionar seu comportamento; aos olhos de seus colegas, quando ele não consegue manter mais seu interesse no trabalho, o que o leva a ser afastado da agência; aos olhos da esposa que, depois de diversas tentativas de se adaptar ao mundo dele, demonstra já estar cansada de viver sua vida; e aos olhos da amante que o dispensa para voltar para o marido. Mas a principal morte que a temporada revela é a de Don e seu interesse pela vida que construiu.
Seu futuro é incerto e para construí-lo ele decide voltar ao passado, refazer o trajeto de sua infância e adolescência, tentando encontrar o Don (ou Dick) que ele era.
A sétima e última temporada da série será dividida em duas partes, com episódios exibidos entre 2014 e 2015.
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3. Breaking Bad – Drama – Estados Unidos
Já considerada um clássico e uma das melhores séries de todos os tempos, Breaking Badencerrou sua trajetória com a segunda parte da quinta temporada já exibida no Brasil e disponibilizada em DVD.
Ao longo de cinco temporadas, Breaking Bad se manteve fiel à sua proposta de mostrar a metamorfose do bem no mal. Acompanhamos a trajetória de Walter White (Bryan Cranston), um pacato professor de química que se transforma em Heisenberg, o frio e calculista fabricante de metanfetamina. Ao estilo Jeckyl & Hyde, o professor vai se deixando dominar pelo mal que existe dentro dele.
Tudo levava o telespectador a crer que Vince Gilligan, criador da série, conseguiria algo inédito na TV americana: transformar o herói em bandido. Mas, no último episódio, Gilligan deu aos fãs o final satisfatório que eles desejavam, fazendo a alegria de muitos e decepcionando poucos. Assim, Walter levanta de seu leito de morte e, sem qualquer dificuldade, nem mesmo aquelas que poderiam ser geradas por seu estado de saúde, se transforma no herói justiceiro que garante a segurança financeira e física da família, salvando aquele que sempre o ajudou e, involuntariamente, se sacrificando no final.
Apesar disso, a trajetória da série não foi invalidada. Até o penúltimo episódio Breaking Badconseguiu oferecer um belíssimo desenvolvimento de personagem que teve a sorte de contar com um ótimo ator. Embora a série gire em torno de Walter, os coadjuvantes contribuíram para que ela se transformasse em um marco na história da TV americana, apesar de que alguns deles não tenham conseguido atingir seu potencial na trama. A história foi construída ‘tijolo a tijolo’, sem pressa ou desvios, evoluindo a cada temporada. Nesta última, temos a conclusão de diversas questões que estavam em aberto, especialmente a relação entre Walter e Jesse (Aaron Paul), bem como a de Walter e Hank (Dean Norris), que representam os dois momentos cruciais da última leva de episódios.
Vamos torcer para que o cuidado que se teve na construção desta série não seja um dos momentos raros na produção televisiva americana.
Treme
4. Treme – Drama – Estados Unidos
Chega ao fim mais uma obra-prima de David Simon, criador de The Wire. Com quatro temporadas, Treme trouxe para a televisão uma alternativa para as fórmulas e tipos que dominam a produção seriada.
Narrando a vida de New Orleans após a passagem do furacão Katrina, Treme trouxe o retrato de uma cidade que luta para se recuperar do golpe que sofreu, enfrentando todos os obstáculos que surgem pelo caminho. Esta não é uma série sobre personagens e suas histórias. Ela é a história de uma cidade que sobreviveu. New Orleans é a protagonista da trama, as pessoas são seus coadjuvantes que surgem em cena vivenciado diferentes aspectos, situações e características da cidade.
Ainda faltam dois episódios dos cinco produzidos para serem exibidos. A impressão que dá é a de que a temporada não terá um final no qual tudo será resolvido e que ‘daqui para frente tudo será diferente’. Tudo indica que a série encerrará com os personagens (pessoas e cidade) ainda tentando resolver seus problemas. A vida continua, é a série que acaba.
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5. Enlightened – Comédia – Estados Unidos
Outra produção que terminou este ano. Totalmente injustiçada pela audiência. Uma das poucas séries que conseguiu retratar a mentalidade dos nossos dias de forma direta e crítica,Entlightened teve apenas duas temporadas produzidas, tendo sido cancelada.
Amy Jellicoe (Laura Dern) é uma anti-heroína, o tipo de personagem muito valorizado pelo público de hoje. Da noite para o dia sua vida passou por uma transformação que a forçou a reavaliar seu estilo de vida e a forma como se coloca no mundo. Depois de perder o emprego e passar por uma crise nervosa, ela se interna em um spa no Havaí onde é apresentada a um outro estilo de vida. Algo mais natural, voltado para a consciência social e espiritualidade. Forçada a morar com a mãe e a trabalhar em uma área que não é a sua, Amy mantém o mesmo comportamento de antes. O que muda é seu foco. Tal como fazia antes de sofrer o colapso, ela tenta convencer a todos à sua volta que sua forma de pensar é a certa.
Com um conhecimento que vai um pouco além dos ’140 caracteres’, Amy se considera apta a pregar ideologias e cobrar atitudes de terceiros na sua luta para tornar as pessoas mais engajadas na defesa do meio ambiente e na melhoria da qualidade de vida. Tentando fazer o que acredita ser certo, ela passa por cima das pessoas, ignorando os sentimentos e opiniões do próximo, visando um propósito maior pelo qual ela espera se tornar a pessoa que salvará o mundo. O que a move não é um sentimento altruísta, mas seu egoísmo e seu medo de voltar ao tipo de vida que tinha antes.
A solidão das pessoas que vivem em um mundo conectado também é uma presença marcante na série. Além de Amy, temos Tyler, interpretado por Mike White, cocriador da série. Trabalhando no setor de informática de uma grande empresa, ele vive sozinho e não tem amigos. Tyler já desistiu de buscar um significado para sua vida ou de construir um futuro. Seu presente e sua solidão são tudo que ele tem. Até que Tyler encontra alguém como ele, e isto o faz lutar para não desperdiçar esta oportunidade de ser feliz. Já Helen, mãe de Amy, é uma mulher que vive no seu próprio mundo, o qual ela não quer ver maculado pela presença da filha que, em sua opinião, destrói tudo o que toca. Levi, o ex-marido de Amy, é o primeiro a demonstrar interesse em descobrir este mundo sobre o qual ela tanto fala. Ele chega ao ponto de se submeter ao mesmo processo pelo qual Amy passou. Mas, ao contrário dela, Levi retorna do Havaí mais consciente do espaço que ocupa que ela.
Enlightened pode não ter durado, mas foi uma experiência que deu certo. Daqui a alguns anos, quem sabe, o público a descobre.
"House of Cards"
6. House of Cards – Drama – Estados Unidos
Esta é uma série que está em sua primeira temporada. Trata-se da primeira produção original do site de streaming Netflix, que já conquistou a crítica e indicações a prêmios. Adaptada por Beau Willimon da obra de Michael Dobbs, a série é a segunda versão do livro, que já teve uma minissérie britânica produzida em 1990, pela BBC.
A série acompanha a vida do congressista Francis Underwood (Kevin Spacey) que, após perder a oportunidade de exercer o cargo de Secretário de Estado, inicia uma campanha para derrubar aqueles que o prejudicaram e garantir seu poder em Washington.
Tomando liberdades criativas, a série oferece como protagonista um político ambicioso, manipulador e amoral, que utiliza qualquer tática necessária para alcançar seus objetivos. Por vezes conversando com o público como se falasse com um diário, ele oferece ‘algumas dicas’ de como o sistema político funciona em Washington à la Machiavel. Mas ele não é o único. Sua esposa Claire (Robin Wright) faz o mesmo no mundo corporativo e sua amante Zoe (Kate Mara), uma jornalista política, também estabelece a mesma trajetória para conquistar rapidamente seu lugar ao sol. Não demora muito e os interesses desses três começam a entrar em conflito.
Ao longo dos episódios, a primeira temporada dá uma pausa na história para mostrar um episódio que revela um pouco mais do passado de Frank. Ao ser homenageado por sua antiga faculdade, ele reencontra seus melhores amigos e seu passado. É neste momento que o público é apresentado ao homem que existe por trás do político. Claire também tem seu momento de introspecção, quando decide se afastar de Frank e se reencontrar com um antigo amante. A relação de Frank e Claire é um dos pontos altos da trama. Sólido, bem definido e honesto, o relacionamento é o que sustenta os dois. Separados, eles ficam na metade do caminho.
A série está disponível no site Netflix, que estreia a segunda temporada no dia 14 de fevereiro.
HimHer
7. Him & Her – Comédia – Inglaterra
Esta é outra produção que encerrou este ano. Him & Her foi uma série que surgiu ‘do nada’. Sem nomes importantes ou o apoio de uma máquina publicitária que cria a ilusão de qualidade de uma série, ela se fez por conta própria. Adotando uma abordagem naturalista e minimalista, Him & Her contou com personagens riquíssimos que passavam o dia aparentemente não fazendo nada mas que, a cada cena e diálogo, revelavam diversos aspectos da natureza humana de uma forma profunda e direta.
Em sua última temporada, a série trocou o cenário do apartamento de Steve (Russell Tovey) e Becky (Sarah Solemani) por um hotel, ampliando também o número de personagens em cena. É o casamento de Laura (Kerry Howard) e Paul (Ricky Champ) e tudo gira em torno da noiva, que faz questão de cobrar a atenção de todos. Depois de passar três temporadas pisando e abusando daqueles que estão ao seu redor, Laura sofre as consequências. No dia que deveria ser o mais feliz de sua vida, ela descobre que o noivo a traía, em uma das melhores cenas da temporada. Este foi sem dúvida o melhor momento de Kerry, que teve a oportunidade de extravasar o que havia de pior em Laura, uma mulher com atitudes detestáveis mas que, ao mesmo tempo, revela todo seu sofrimento e insegurança, o que a torna uma pessoa totalmente aceitável.
Para Steve e Becky, a temporada representou um afastamento de seu habitat natural (o apartamento em que vivem) e um distanciamento entre eles, já que os dois só conseguiram ficar juntos no início do primeiro episódio e novamente no final do último. Neste meio tempo, eles lutam para se reunir por alguns minutos ao menos, mas logo são afastados um do outro novamente. As cenas típicas das comédias de encontros e desencontros.
Esta é uma comédia romântica sem romantismos. É a história de amor de dois casais totalmente diferentes que passam por diversas situações as quais testam constantemente seus sentimentos. Vai demorar um pouco para surgir outra produção que consiga ter uma visão tão realista e honesta sobre os relacionamentos entre casais como esta conseguiu apresentar.
A série chegou ao Brasil pelo Multishow.
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8. Les Revenants – Ficção/Fantasia – França
Esta foi a grande surpresa europeia do ano. Com uma proposta limitada a um segmento de público, a série consegue conquistar audiência e crítica em cada país por onde ela passa, com o título internacional de The Returned. No Brasil, Les Revenants chegou pelo canal Max, do grupo HBO.
Esta é uma versão televisiva de Fabrice Gobert do filme de Robin Campillolançado nos cinemas em 2004. Na história, pessoas que morreram há alguns anos voltam à vida em uma pequena e isolada cidade do interior da França. A última lembrança que eles têm é do momento anterior às suas respectivas mortes. Alguns faleceram há pouco tempo, outros há décadas. Agora eles buscam se reintegrar à sociedade que não compreende a razão pela qual esse fenômeno ocorre, aparentemente, apenas nessa cidade. Cada episódio acompanha a história de um núcleo de personagens.
Embora seja enquadrada no gênero ficção científica/fantasia, a série está mais próxima a um drama psicológico. Com uma narrativa lenta, mantendo um tom sombrio, a trama apresenta personagens introspectivos vivendo uma situação surreal. Boa parte das cenas valoriza mais o silêncio e os personagens que a situação propriamente dita. A primeira temporada é dedicada a esmiuçar os sentimentos, opiniões e os valores de cada personagem  central da trama. A forma como ela encerra leva a crer que a segunda, já encomendada, vá trabalhar a situação na qual eles se encontram. Neste primeiro momento, ficam apenas perguntas a serem respondidas: o que está acontecendo e por quê?
Apesar da série se apoiar em uma história sobre o retorno dos mortos, em nenhum momento ela se torna apelativa ou se transforma em um discurso religioso, mesmo com a presença de um padre na trama. Também não vemos situações clichês dominarem a trama que está mais interessada em discutir o sentimento de perda de um ente querido e a forma como aqueles que ficaram lidam com a situação, agora que eles voltaram.
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9. Top of The Lake – Drama – Minissérie – Inglaterra
Quando a minissérie estava em fase de desenvolvimento, o canal BBC2 firmou parceria com a ABC – Australian Broadcasting Corporation, que entraria como coprodutora. Esta, por sua vez, só concordou em investir na minissérie se ela fosse estrelada por uma atriz australiana ou neozelandesa. Quando a BBC decidiu contratar a americana Elizabeth Moss (Mad Men), os australianos se afastaram do projeto. Para substituí-los a BBC se aliou ao canal a cabo UKTV, também da Inglaterra, e ao Sundance Channel dos EUA, que ficou interessado no projeto quando soube que seria estrelado por Moss. Com roteiro de Jane Campion (O Piano) e Gerard Lee, a minissérie foi filmada na Nova Zelândia.
A história inicia quando Tui (Jacqueline Joe), uma menina de 12 anos, é encontrada em um lago. Grávida de cinco meses, ela se nega a revelar o nome do pai da criança. Quando ela desaparece, a detetive Robin Griffin (Moss), especialista em casos envolvendo crianças, é encarregada de localizá-la. Robin está na cidade para visitar sua mãe (Robyn Nevin), que sofre de câncer. Com a ajuda de seu colega, Al Parker (David Wenham), detetive da polícia local, ela inicia as investigações, as quais a levam a entrar em contato com duas espécies de deuses da região: Matt (Peter Mullan, de The Fear), o pai de Tui, representante do universo masculino; e G.J. (Holly Hunter, de Saving Grace), uma xamã, que lidera o universo feminino.
Mantendo uma atmosfera introspectiva e sombria, Top of the Lake vai revelando ao longo de seus episódios a natureza humana que parece poluir o meio ambiente. Separados em tribos, tendo como objetivo único a luta pela sobrevivência, os personagens criam suas próprias regras morais e sociais longe da cidade grande. A natureza engole os personagens levando-os a agirem de acordo com seus instintos. Aqui, os homens são animais que reagem aos seus desejos e as mulheres se colocam como vítimas que buscam se enquadrar no ambiente em que estão inseridas. Os homens são liderados por um predador que controla o tráfico da região. As mulheres seguem uma xamã que criou um refúgio para mulheres danificadas. Isto não significa que G.J. ampare essas mulheres como uma mãe acolhe os filhos feridos na guerra. Ela é dura, critica a forma como as mulheres se diminuem e cobra delas uma atitude mais forte para que possam enfrentar o mundo masculino.
O que pesa contra Top of the Lake é o tom extremamente depressivo que a produção escolheu para narrar a história, o que afugenta muitos telespectadores. Quem está acostumado com dramas leves ou comédias terá dificuldades de passar do primeiro episódio. Mas aqueles que insistirem serão premiados com uma belíssima produção.
A minissérie foi exibida no Brasil pelo canal Max.
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10. Borgen – Drama – Dinamarca
A Dinamarca está vivendo sua era de ouro da televisão, ao menos no que se refere à receptividade internacional. Desde o sucesso de Forbrydelsen as produções televisivas dinamarquesas se tornaram uma obrigação para qualquer pessoa que se considera fã de séries.Borgen é mais um exemplo da qualidade de texto e atuações que o país é capaz de oferecer.
Criada por Adam Price, Jeppe Gjervig Gram e Tobias Lindholm, a série acompanha os trabalhos de Birgitte Nyborg (Sidse Babett Knudsen), membro do partido popular que se torna Primeira Ministra da Dinamarca. Logo ela descobre que o cargo traz muitas responsabilidades que ela não previa. Ao longo de seu mandato, Birgitte tenta estabelecer seu governo ao mesmo tempo em que precisa manter unida sua família, formada por seu companheiro e dois filhos. A segunda temporada acompanha o governo de Birgitte e as decisões políticas que ela é forçada a tomar para manter o país social e economicamente equilibrado. Enfrentando a oposição e as desavenças, ela tenta ser fiel aos seus princípios, mas problemas familiares a forçam a tomar a decisão de deixar a política e a vida pública.
Esta é uma série política que não se apoia nas tramóias maquiavélicas ou na imposição de uma visão idealizada. Ela força o questionamento sobre a conduta moral e ética que está por trás de cada decisão do governo ou de empresas.
Na terceira e última temporada, Birgitte já está pronta para voltar à ativa, mas seu partido não aceita seu retorno. Insatisfeita com a forma como ele vem distorcendo seus princípios políticos e morais, Birgitte decide criar um novo partido. Ao longo dos episódios vemos sua luta para estabelecer o partido e fazer com que o governo o reconheça oficialmente. Seu objetivo é conseguir o maior número de cadeiras no Senado durante as eleições. Para tanto, ela aproveita cada oportunidade que surge para aparecer na mídia e levantar o debate em torno de alguma questão polêmica, seja ela relacionada à estrutura social, econômica, política ou legal.
Além disso, a temporada também trabalha a situação da mídia e a forma como ela é utilizada pelos políticos. O editor do mais antigo e tradicional telejornal da Dinamarca sofre constantes pressões de um jovem contratado pelo canal com a missão de elevar a audiência. Seu objetivo é transformar os debates políticos em programas de entretenimento, o que leva o editor a enfrentar um conflito moral. Em paralelo, a apresentadora do telejornal enfrenta o desafio de deixar uma carreira financeiramente segura e estável para prestar assessoria de imprensa para o novo partido de Birgitte, onde ela também enfrenta conflitos morais sobre a forma mais correta de agir.
A série chegou ao Brasil pelo canal +Globosat.
Outras séries que valeram a pena conferir em 2013. A relação abaixo segue a ordem alfabética:
Comédia/Dramédia: 30 Rock, Alpha House, The Big C, Bluestone 42, Californication, Family Tree, Getting On (remake), Girls, Hello Ladies, The IT Crowd (especial), Last Tango in Halifax, Maron, Modern Family, My Mad Fat Diary, Nurse Jackie, Orange is the New Black, Parks and Recreation, Toast of London, Veep, Vicious, The Wrong Mans, Yes Prime Minister (nova versão).
Drama: The Americans, Black Mirror, Boardwalk Empire, Borgia, Broadchurch, Bron/Broen, Call the Midwife, Case Histories, Cloudstreet, Copper, Dates, The Doctor Blake Mysteries, East West 101, Endeavour, The Fall, The Foyle’s War, The Good Wife, Justified, Luther, Magic City, Masters of Sex, A Menina Sem Qualidades, Mr. Selfridge, Peaky Blinders, Please Like Me, Ripper Street, Shetland, Sons of Anarchy, Vera, The Village.
Ficção/Fantasia: Doctor Who, Fringe, Game of Thrones, Orphan Black.
Minisséries:  The Escape Artist, The Great Train Robbery.

Por Fernanda Furquim  Blog-Veja
terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Homeland: The Star [season finale]

Indo direto ao ponto: The Star, último episódio da terceira temporada, mostra do que Homeland  é capaz quando seus realizadores decidem ficar sóbrios e realmente fazer as coisas com vontade. Durante uma hora, a série aproveita o desdobrar político/militar do assassinato de Akbari para colocar suas personagens em conflito com os acontecimentos, tentando solucionar, aceitar, enfrentar e lidar com a situação. Ao mesmo tempo, investe em uma trama sólida, coerente, que foge de soluções fáceis, resultando em um episódio intenso que sequestra a atenção do espectador e só a devolve ao final.
A tensão se assenta já no início, quando acompanhamos Brody saindo do escritório de Akbari após mostrar para o ditador as formas letais de manusear uma almofada. Seguindo os passos escoltados do ex-fuzileiro quase tem tempo real, a cena atinge um suspense gigantesco ao adiar ao máximo possível o momento onde ele fica em segurança, usando também uma montagem paralela para mostrar que ele foi descoberto e gerando suspense em cima do suspense (OK, o lance de pararem ele para pedir o crachá foi bem óbvio, mas vamos deixar passar assim como ele passou). Enquanto isso, Javadi (personagem cada vez mais interessante) coloca a CIA em uma posição onde precisa escolher entre a vida de um agente ou o sucesso da missão – e, se Saul sequer hesita ao decidir pela primeira opção, Homeland coloca o dedo na ferida ao mostrar o resto da galera da agência fazendo a segunda opção acontecer com a conivência do presidente dos EUA, exibindo os valores falidos das instituições no que diz respeito à “guerra contra o terror”.
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Além disso, essa decisão mostra o quão pouco Brody significa para todo mundo que não é a Carrie ou o Saul, mesmo que ele tenha levado a cabo uma missão que é o equivalente governamental a vencer o Super Bowl. E é assim, abandonado pela filha, pelo país, obrigado a matar o líder da única região que o recebeu de braços abertos (e ser odiado por essas pessoas), exaurido de qualquer coisa além da luta pela sobrevivência, que o ex-militar se encontra quando é resgatado por Carrie. Toda essa bagagem torna convincente o desabafo de Brody, questionando o que ele fez, o que estão fazendo e, como ele mesmo diz, sequer imagiando um futuro para si (não à toa, ao se olhar no espelho, metade do seu rosto está nas sombras). É um arco dramático extremamente complexo que Homeland tira de letra, beneficado pela atuação sensível de Damian Lewis, que ilustra o cansaço do sujeito em uma postura mais curvada e um tom bastante passivo nos diálogos.
É aí que Homeland  toma a decisão mais corajosa de toda a série até hoje, concluindo esse arco da única forma possível: a morte e “libertação” de Brody. E abraça essa libertação, mostrando a personagem em planos abertos mesmo quando na prisão e usando a direção de fotografia para contrastar sua situação com a dos outros – enquanto Brody, finalmente livre da luta, é fotografado com uma profundidade de campo comprida, Carrie, Saul e Javadi, ainda presos aos acontecimentos, surgem com uma profundidade de campo curtíssima sempre que aparecem em primeiro plano (uma abordagem que, ao desfocar o resto do ambiente, evidencia que para eles só importam os elementos relativos ao destino de Brody). Uma forma brilhante e sutil de mostrar para o espectador a paz e resignação alcançadas, tornando a cena da sua morte (e os momentos que a precedem) comovente a ponto de extrair lágrimas até do lutador de MMA mais durão.
É emblemático também que Saul se desligue da CIA após esse desfecho, visto seu envolvimento na coisa toda e também a “traição” por parte do país, que passou por cima da decisão dele para seguir por um caminho bastante questionável. Mas o grande peso cai em cima de Carrie, que mesmo com a gravidez, a promoção e o fato de que agora todos acreditam nela (precisou ela estar sempre certa por três temporadas, mas tudo bem) demonstra uma tristeza pela perda – algo que a série mostra sem exageros ou grandes rompantes dramáticos, preferindo investir em uma cena íntima na casa da protagonista onde ela se permite chorar (em uma atuação surpreendetemente contida de Claire Danes). Assim, após envolver o espectador nos conflitos e dificuldades encaradas pelas personagens durante um evento tão marcante, fortalecer a relação e os sentimentos deles, o episódio opta por um desfecho bastante minimalista, mas que, graças à força da narrativa e tudo que foi construído até ali, se mostra singelo e tocante. Se Carrie se despediu de Brody com uma estrela, Homeland se despede da terceira temporada com cinco.
Por André Costa
http://www.ligadoemserie.com.br/2013/12/homeland-the-star-season-finale/