Indo direto ao ponto: The Star, último episódio da terceira temporada, mostra do que Homeland é capaz quando seus realizadores decidem ficar sóbrios e realmente fazer as coisas com vontade. Durante uma hora, a série aproveita o desdobrar político/militar do assassinato de Akbari para colocar suas personagens em conflito com os acontecimentos, tentando solucionar, aceitar, enfrentar e lidar com a situação. Ao mesmo tempo, investe em uma trama sólida, coerente, que foge de soluções fáceis, resultando em um episódio intenso que sequestra a atenção do espectador e só a devolve ao final.
É aí que Homeland toma a decisão mais corajosa de toda a série até hoje, concluindo esse arco da única forma possível: a morte e “libertação” de Brody. E abraça essa libertação, mostrando a personagem em planos abertos mesmo quando na prisão e usando a direção de fotografia para contrastar sua situação com a dos outros – enquanto Brody, finalmente livre da luta, é fotografado com uma profundidade de campo comprida, Carrie, Saul e Javadi, ainda presos aos acontecimentos, surgem com uma profundidade de campo curtíssima sempre que aparecem em primeiro plano (uma abordagem que, ao desfocar o resto do ambiente, evidencia que para eles só importam os elementos relativos ao destino de Brody). Uma forma brilhante e sutil de mostrar para o espectador a paz e resignação alcançadas, tornando a cena da sua morte (e os momentos que a precedem) comovente a ponto de extrair lágrimas até do lutador de MMA mais durão.
É emblemático também que Saul se desligue da CIA após esse desfecho, visto seu envolvimento na coisa toda e também a “traição” por parte do país, que passou por cima da decisão dele para seguir por um caminho bastante questionável. Mas o grande peso cai em cima de Carrie, que mesmo com a gravidez, a promoção e o fato de que agora todos acreditam nela (precisou ela estar sempre certa por três temporadas, mas tudo bem) demonstra uma tristeza pela perda – algo que a série mostra sem exageros ou grandes rompantes dramáticos, preferindo investir em uma cena íntima na casa da protagonista onde ela se permite chorar (em uma atuação surpreendetemente contida de Claire Danes). Assim, após envolver o espectador nos conflitos e dificuldades encaradas pelas personagens durante um evento tão marcante, fortalecer a relação e os sentimentos deles, o episódio opta por um desfecho bastante minimalista, mas que, graças à força da narrativa e tudo que foi construído até ali, se mostra singelo e tocante. Se Carrie se despediu de Brody com uma estrela, Homeland se despede da terceira temporada com cinco.
Por André Costa
http://www.ligadoemserie.com.br/2013/12/homeland-the-star-season-finale/
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