Desde a primeira vez que em que Michael C. Hall começou a narrar a vida daquele serial killer carismático, Dexter percorreu um longo caminho de altos e baixos. Por vezes, fiquei em dúvida ao dizer qual série me empolgava mais, Dex ou Lost. Com o tempo, porém, o drama do Showtime foi descendo continuamente na minha lista de preferências, até se tornar apenas uma cópia do que era antes, com uma identidade e um destino difíceis de prever.
Dexter vai morrer? Vai viver? Vai ser feliz? O final acabou de responder a essas dúvidas, e eu, honestamente, não sei se tinha como fazer isso sem ser decepcionante.
Dexter vai morrer? Vai viver? Vai ser feliz? O final acabou de responder a essas dúvidas, e eu, honestamente, não sei se tinha como fazer isso sem ser decepcionante.
Se você ainda não assistiu, sugiro que pare de ler por aqui e volte depois, para fugir de spoilers. Caso já tenha visto, por favor, me ajude a entender, existia um encerramento que pudesse ser mais satisfatório do que essa esquisitice que foi Remember The Monsters?
À primeira vista, acredito que sim. E não estou falando sobre a decisão de manter o protagonista vivo e trabalhando como lenhador. Me surpreendo ao perceber que até gosto da ideia de que ele possa ter optado por uma vida em que possa tentar expiar seus pecados (que é minha concepção do que aconteceu nesse final indefinido). É melhor do que redenção pura ou a cadeira elétrica, por exemplo. O grande problema, do episódio final e das temporadas mais recentes, está na execução e desenvolvimento de toda essa ideia.
Quem acompanhou minhas reviews aqui no NaTV sabe que eu sempre defendi a ideia de que Dexter costuma ter boas premissas e jogá-las fora sem dó nem piedade. Lumen e o caso das mulheres mortas por Jordan Chase poderia ter sido sensacional. Ainda lembro de Jonny Miller fazendo seu tick, tick, tick e de como isso se perdeu, assim como a explicação para sua história. Da mesma forma, a procura por Deus ao lado de brother Sam; o vilão que Isaak Sirko acabou não sendo, e a ameaça de Louis que sumiu da noite pro dia, tudo foi frustrante, ficando apenas na promessa e patinando na hora de significar alguma coisa. E, essa reta final do protagonista foi vítima disso. A grande diferença pra mim, que no meio dessa incompetência, jogaram fora também os personagens que tanto faziam a trama valer a pena.
Sinto asco só ao lembrar daquela fase pavorosa em que decidiram que Debra era apaixonada por pelo irmão. Jennifer Carpenter evoluiu muito durante estas 8 temporadas, chegando a segurar alguns episódios sozinha em alguns momentos, não merecia ter ido parar nesse buraco. Por anos, a grande expectativa da trama esteve em sua descoberta sobre Dex e quando isso aconteceu, a policial entrou numa jornada de idas e vindas, perdendo completamente sua personalidade forte. Acredito que o relacionamento dela com Dexter tenha sido o que mais me incomodou nessas últimas temporadas.
Acho coerente pensar que Deb tinha uma grande admiração pelo serial killer. Ela não precisava dessa baboseira de amor passional para ficar ao lado dele, mesmo sabendo da verdade. Mas, o que mais me revolta, é pensar que enquanto ela passava pelo inferno para conseguir conviver com tudo, Dex tenha se tornado um adolescente apaixonado, do tipo que teria perfil de casal no Facebook. Não digo que ele não pudesse lidar com as questões de sentimento, mas precisava mesmo transformá-lo nesse banana? Com essa desculpa de ‘humanização’, ele virou alguém por quem não se sente vontade de torcer.
De novo, a premissa não parece ruim, o problema está no desenvolvimento. Não espero realidade em ficção, contudo, ficou difícil comprar essa coisa de mudar da água para o vinho, especialmente quando seguiram esse caminho de ‘agora eu amo Hanna, não preciso mais matar, duh’. Ficou parecendo apenas uma tentativa de ganhar apoio na base da fofura. A cura pelo amor. Bitch, please. Desculpa mundo, quando eu quero ver casal sofrendo, eu vejo Grey’s Anatomy. Em Dexter, eu esperava mais, esperava algo mais à altura de uma série que se dizia desafiadora, que ia além dos conceitos maniqueístas de mocinho e vilão.
E o humor negro? Que saudade do humor negro de Dexter.
Mas, agora não adianta mais reclamar. Fico com pena, muita pena de ver que a série se despediu desse jeitinho bipolar que surgiu lá pela 5ª temporada. Há alguns anos, eu estaria em prantos ao pensar no final da série, agora, apenas sinto um misto de alívio e tristeza pelo que se tornou. O protagonista tirou os aparelhos e levou o corpo da irmã morta para o mar, sem que ninguém tenha visto e sem QUALQUER LÓGICA. Pra quê aquilo? Além disso, ele foi de encontro à tempestade e sobreviveu. E, pior, deu seu filho para Hanna, sem pensar em Rita se revirando no caixão. Sério mesmo? Como superar essa surrealidade?
O mais bizarro é que fico pensando que essa foi uma porta aberta para um retorno especial, tipo o Más Allá de La Usurpadora, um capítulo gravado alguns meses depois do encerramento de A Usurpadora. E, sim, estou comparando com novela mexicana porque as pontas soltas permitem. Ou, sendo menos cruel, uma tentativa de cavar uma minissérie, como vai acontecer com 24 horas na Fox.
Não vou entrar em outros detalhes do episódio final porque nem o compreendi como um todo ainda. Foi tudo tão desconexo que a melhor parte foi o flashback de Debra vendo Harrison pela primeira vez. (E nem me perguntem sobre esta criança, impressionante como ele ficou um porre. Fosse eu Jamie, que cuidou dele 37 horas por dias, me sentiria ofendida com aquela declaração de amor para Hanna). De ponto quase positivo, bem, acho que foi só isso mesmo. Elway fez papel de idiota e não mostrou a que veio, Saxon não abriu a boca, Masuka desapareceu, Batista, Quinn e Jamie mal tiveram tempo de tela, Hanna fugiu linda e loira, sem nem pensar em botar uma peruca pra disfarçar. Debra estava mais bonita do que nunca e morreu do jeito que viveu, carregada pelo egoísmo de Dexter e sem qualquer aprofundamento em sua despedida. Profundidade zero em todo o episódio e temporada, por sinal.
Apesar do meu desamor completo, gostaria de saber se alguém realmente gostou do que aconteceu. Acho interessante ter outros pontos de vista, talvez mais romantizados ou menos céticos do que o meu. Fique à vontade para comentar e também reclamar na caixa de comentários. Apesar de ter me decepcionado com a reta final de Dexter, acredito que a série mereça um pouco de atenção, por tudo que já representou. Uma pena que tenha sido encerrada nessa ladeira sem fim.
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